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sábado, 14 de junho de 2025

Introdução à História dos Suplementos

O que são suplementos alimentares e por que surgiram?


O Primeiro Suplemento da História

No século XVII, mais precisamente em 1696, surgiu um dos mais antigos suplementos conhecidos: o “Haarlem oil”. Criado por Claes Tilly, esse elixir era uma mistura de enxofre, óleo de terebintina e ervas. Vendido inicialmente na cidade de Haarlem, na Holanda, prometia ser um remédio universal, utilizado para tratar desde infecções urinárias até problemas respiratórios — tanto em humanos quanto em cavalos.

Esse “óleo de Haarlem” representava uma crença popular forte na época: de que certas substâncias naturais podiam curar o corpo, antecipando o conceito de suplementos alimentares.

Já no século XVIII, ganhou popularidade o óleo de fígado de bacalhau (cod liver oil), fabricado a partir do fígado do peixe. Esse produto foi um dos primeiros suplementos a ser consumido com o objetivo de prevenir deficiência nutricional — especialmente por fornecer vitaminas A e D — em uma forma concentrada e prática . Por volta do século XVIII e acelerando no XIX, esse óleo foi distribuído como suplemento eficaz, propagado mais tarde na era moderna como uma forma de fortalecer ossos e visão.

Com o avanço da descoberta das vitaminas entre finais do século XIX e início do século XX, o suplemento evoluiu de produtos naturais para formas isoladas e sintéticas. O termo “vitamins” surgiu em 1912 com Casimir Funk e, em 1913, o óleo de fígado de bacalhau se destacou como fonte de vitamina A . Em seguida, outras vitaminas foram isoladas ao longo dos anos 1920: B1, B2, C, D, E e K. Assim, o óleo de fígado de bacalhau levou à mudança de suplementos caseiros para produtos padronizados e rotineiramente consumidos.

Resumindo de forma clara:

  • 1696 – Surge o Haarlem oil, um remédio popular à base de ervas, enxofre e óleo de terebintina, fabricado em Haarlem (Holanda), considerado o primeiro suplemento conhecido.
  • Século XVIII – O óleo de fígado de bacalhau torna-se um dos primeiros suplementos com foco nutricional, contém vitaminas A e D .
  • Início do século XX – Vitaminas são isoladas e sintetizadas, inflando a popularidade dos suplementos padronizados.

Esse panorama revela uma jornada fascinante: de elixires populares a suplementos nutricionais científicos. Cada etapa reflete o entendimento crescente sobre nutrição e a busca humana por saúde otimizada.


Fontes e links

A Era da Musculação e o Boom do Whey Protein


Como os suplementos se popularizou.

A história dos suplementos alimentares ganha um novo ritmo quando chegamos ao século XX, uma era de descobertas científicas aceleradas. O avanço da química e da biologia permitiu não apenas entender melhor as funções dos micronutrientes no organismo, mas também isolar, sintetizar e produzir em larga escala vitaminas que antes só estavam disponíveis em fontes alimentares. Foi nesse momento que os suplementos deixaram de ser preparados naturais, como o óleo de fígado de bacalhau, para se tornarem produtos farmacêuticos — com cápsulas, tabletes e pós ganhando espaço nas farmácias e consultórios. A primeira vitamina a ser isolada foi a vitamina B1 (tiamina), em 1926, combatendo o beribéri. Logo após, vieram a vitamina C, usada para tratar escorbuto, e a D, essencial para combater o raquitismo. Essas deficiências eram comuns em diversas populações, especialmente durante guerras e períodos de pobreza, e os suplementos surgiram como uma solução eficaz, prática e acessível.

Com a Segunda Guerra Mundial, a produção de suplementos alimentares foi impulsionada em escala industrial. O governo dos Estados Unidos, por exemplo, começou a fornecer multivitamínicos aos soldados para garantir que mantivessem desempenho físico e imunidade mesmo sob condições extremas. Essa estratégia consolidou a ideia de que suplementos não eram apenas uma necessidade para doentes, mas também um reforço para pessoas saudáveis. Ao final da guerra, empresas farmacêuticas perceberam o potencial comercial desses produtos, expandindo a oferta para a população civil. Nascia, assim, o mercado de suplementos nutricionais modernos, com marcas começando a investir pesado em publicidade, embalagem e formulações cada vez mais específicas: vitaminas para crianças, mulheres grávidas, idosos e até atletas. Os anos 1950 e 1960 foram um marco nesse crescimento, quando os suplementos passaram a fazer parte da rotina da classe média ocidental.

A partir da década de 1970, surge um novo protagonista no cenário dos suplementos: o culturismo e o fisiculturismo. Impulsionado pela popularidade de figuras como Arnold Schwarzenegger, o uso de proteínas em pó, aminoácidos, creatina e outros suplementos voltados para hipertrofia muscular explodiu. Empresas como Weider e GNC dominaram o mercado e começaram a associar seus produtos a um estilo de vida fitness, moldando a percepção de que o suplemento não era só para tratar doenças, mas sim para melhorar performance, estética e bem-estar. Esse movimento foi tão forte que criou uma indústria paralela de academias, revistas, eventos e comunidades, especialmente nos Estados Unidos e depois no Brasil, onde o culto ao corpo ganhou forte adesão a partir dos anos 90. Nascia o conceito moderno do suplemento como ferramenta de autoaperfeiçoamento, uma ideia que permanece viva até hoje.



Fontes e links:



A Explosão Global dos Multivitamínicos



A mudança dos consumidores sobre os suplementos, e o marketing digital.

A partir dos anos 2000, entramos em uma nova fase no universo dos suplementos: a era da conscientização sobre saúde, sustentabilidade e naturalidade. Impulsionado por movimentos como o veganismo, o vegetarianismo, o “clean eating” e o retorno à alimentação orgânica, o mercado de suplementos começou a mudar sua narrativa. Já não bastava ser eficiente — os consumidores agora exigiam produtos mais naturais, sem aditivos químicos, corantes artificiais ou substâncias com nomes complicados. Nasce aí o conceito de “clean label”, uma tendência global que valoriza suplementos com ingredientes simples, reconhecíveis, e muitas vezes derivados de alimentos reais. Marcas passaram a destacar o uso de vitaminas extraídas de frutas, legumes e algas, além de eliminar substâncias alergênicas como glúten, lactose e soja. O foco também se voltou para a biodisponibilidade, ou seja, o quanto de um nutriente o corpo realmente absorve, o que estimulou o desenvolvimento de fórmulas mais eficazes, com cápsulas de liberação controlada, lipossomais ou combinadas com enzimas.

Ao mesmo tempo, o avanço da internet e das redes sociais transformou os suplementos em uma febre mundial. Influenciadores fitness, youtubers de nutrição e atletas patrocinados começaram a mostrar seu “stack” de suplementos em vídeos, stories e lives — estimulando um consumo massivo e aspiracional. Plataformas como Instagram, YouTube e TikTok mudaram completamente a forma como as pessoas descobrem e escolhem suplementos. A palavra do nutricionista ainda era importante, mas agora o público também seguia dicas de “fit girls”, “marombeiros” e até celebridades que indicavam proteínas vegetais, colágeno hidrolisado, ômega 3, vitamina D, magnésio treonato e blends de superfoods. Com isso, o suplemento deixou de ser apenas um produto funcional e virou um símbolo de estilo de vida saudável e autocuidado. Além disso, o e-commerce facilitou o acesso a marcas internacionais e fórmulas inovadoras, criando uma verdadeira explosão de diversidade nas prateleiras digitais.

O Brasil, em particular, se destacou nesse cenário. Somos hoje um dos maiores mercados consumidores de suplementos da América Latina, e a tendência é de crescimento contínuo. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais (ABIAD), cerca de 59% dos brasileiros consomem suplementos alimentares com regularidade. E mais: 80% deles o fazem sem prescrição médica, confiando em amigos, influenciadores ou pesquisas pessoais. Essa estatística levanta alertas, mas também mostra o quanto os suplementos se tornaram parte do cotidiano do brasileiro. Entre os mais populares estão o whey protein, vitamina D, multivitamínicos, colágeno e creatina. Há também uma crescente procura por suplementos naturais como cúrcuma, spirulina, própolis e compostos com cogumelos funcionais como reishi e cordyceps, mostrando que a busca pela saúde e bem-estar vai além da academia — ela se estende ao corpo, à mente e até à espiritualidade.


Fontes e links:


O Futuro dos Suplementos: Personalização e Tecnologia

DNA, inteligência artificial, microbioma e nanotecnologia a serviço da nutrição.

Agora que chegamos ao presente, é hora de olhar para o futuro dos suplementos alimentares — e acredite, ele parece saído de um filme de ficção científica. Estamos entrando na era dos suplementos personalizados, baseados na genética, no microbioma e até nos ritmos circadianos do indivíduo. Sim, a ciência já começou a formular suplementos customizados para cada pessoa, com base em exames de DNA, testes de saliva e análises da flora intestinal. Empresas de biotecnologia como a Nutrigenomix, DNAfit, Rootine e Viome estão liderando essa transformação, oferecendo kits onde você envia uma amostra e recebe uma recomendação detalhada de quais nutrientes seu corpo realmente precisa. Isso evita o desperdício, reduz riscos de excessos e promove um equilíbrio mais eficaz. Essa abordagem também revela o que muitos médicos já alertavam: suplemento não é bala, e o excesso pode causar danos sérios, como sobrecarga hepática, intoxicação por vitaminas lipossolúveis ou até interferência em medicamentos.

Além da personalização genética, a tecnologia está investindo pesado na eficiência e absorção dos nutrientes. Suplementos encapsulados com nanotecnologia prometem entregar o ativo diretamente nas células, com menos perda no processo digestivo. A liberação prolongada, a combinação com prebióticos e enzimas, e o uso de veículos como lipossomas (pequenas bolhas de gordura) estão revolucionando a forma como o corpo recebe e utiliza os compostos. Outro avanço é o uso de inteligência artificial para prever deficiências nutricionais, combinando histórico alimentar, exames laboratoriais e até estilo de vida. Softwares como Nutrisoft, Nutrigeni e HealthifyMe estão fazendo isso em tempo real, conectando dados pessoais com bancos globais de nutrição. É o nascimento da nutrição 4.0, onde o suplemento é apenas uma peça de um ecossistema completo de autocuidado inteligente.

Mas nem tudo são flores. O crescimento descontrolado do mercado de suplementos também levanta preocupações sérias. A falta de regulamentação clara, especialmente no ambiente digital, permite que produtos falsificados, vencidos ou com dosagens perigosas circulem livremente. No Brasil, a ANVISA é responsável por regulamentar os suplementos alimentares, mas a legislação ainda está em fase de adaptação ao ritmo acelerado do mercado. Em 2018, houve um marco regulatório importante com a RDC nº 243/2018, que criou a categoria “Suplemento Alimentar” — unificando produtos antes classificados de forma confusa como alimentos funcionais, novos alimentos ou produtos para atletas. Essa mudança trouxe mais transparência, mas ainda há muita informalidade e marketing abusivo em redes sociais e e-commerces. Consumidores precisam ficar atentos à comprovação científica, procedência da marca, registro na ANVISA e composição real do produto.


Fontes e links:


Os Maiores Erros ao Usar Suplementos

Doses perigosas, combinações erradas e o risco dos produtos piratas.

Para encerrar essa jornada histórica e científica sobre suplementos alimentares, vamos abordar um dos pontos mais importantes — e muitas vezes ignorado: os erros mais comuns cometidos por quem consome suplementos sem orientação profissional. Embora pareça inofensivo tomar uma cápsula de vitamina C ou um comprimido de ômega-3, o uso indiscriminado desses produtos pode trazer mais malefícios do que benefícios. Um dos principais equívocos é o excesso de suplementação, acreditando que “quanto mais, melhor”. Isso é um mito perigoso. Vitaminas lipossolúveis, como A, D, E e K, por exemplo, se acumulam no fígado e no tecido adiposo, podendo causar toxicidade. Doses elevadas de vitamina D, por exemplo, podem provocar cálculos renais e calcificação de tecidos moles. Outro erro comum é misturar muitos suplementos diferentes sem considerar as interações entre eles. Zinco, ferro e cálcio competem entre si pela absorção, e tomá-los juntos pode anular seus efeitos. A suplementação só é eficiente quando feita com estratégia, personalização e acompanhamento.

Outro problema crescente é a confiança cega em produtos vendidos nas redes sociais, especialmente aqueles promovidos por influenciadores ou perfis fitness. Muitos suplementos vendidos em plataformas como Instagram, TikTok ou marketplaces (como Mercado Livre e Shopee) não têm registro na ANVISA, usam nomes fantasiosos, rotulagem enganosa e até ingredientes proibidos. Existem casos documentados de suplementos contendo estimulantes não declarados, anabolizantes camuflados ou substâncias psicotrópicas que causaram efeitos colaterais sérios, incluindo hospitalizações. Há também o perigo das “fórmulas mágicas” prometendo emagrecimento rápido, crescimento muscular acelerado ou rejuvenescimento instantâneo — todas estratégias de marketing sem base científica. Além disso, mesmo suplementos com bons ingredientes podem ter qualidade inferior se forem mal armazenados, mal encapsulados ou contaminados. O consumidor, muitas vezes, nem percebe que está sendo enganado porque os efeitos são sutis ou demoram a se manifestar.

Para se proteger, é essencial adotar critérios técnicos na hora de escolher um suplemento. O primeiro passo é verificar se o produto tem registro ou notificação na ANVISA — isso pode ser feito pelo site oficial da agência. O rótulo deve estar completo, com informações sobre composição, dosagens, prazo de validade, lote e fabricante. Prefira marcas conhecidas e com transparência de origem dos ingredientes, como vitaminas derivadas de alimentos reais ou proteínas com certificações de pureza. Outro ponto importante é procurar opiniões de especialistas — médicos, nutricionistas, farmacêuticos — e não apenas influenciadores. Hoje já existem aplicativos como Desrotulando, que ajudam o consumidor a escanear e entender o que há por trás das promessas do produto. E claro, não se auto-suplementar: mesmo que pareça algo simples, um exame de sangue ou uma anamnese nutricional pode revelar deficiências específicas que exigem cuidados individualizados.


Fontes e links:


Suplementar com Consciência


A união entre tradição alimentar e ciência moderna para viver melhor.

Finalizando toda essa trajetória fascinante, o que aprendemos é que os suplementos alimentares não surgiram de modismo, mas de necessidades reais — e foram se transformando conforme a ciência, o mercado e o comportamento humano evoluíram. Do simples óleo de fígado de bacalhau, usado para combater o raquitismo infantil, até os atuais complexos nutrigenômicos personalizados, essa indústria percorreu um caminho repleto de descobertas, inovações e também controvérsias. Hoje, o suplemento é parte de um ecossistema que mistura saúde, estética, longevidade, performance, e também consumo — o que exige consciência crítica e responsabilidade. Ao mesmo tempo em que pode prevenir deficiências nutricionais e potencializar resultados em dietas e treinos, o suplemento mal utilizado pode causar danos reais. Por isso, entender sua origem, sua função e seus riscos é mais importante do que seguir tendências. Afinal, nem todo corpo precisa da mesma dose, nem toda promessa corresponde ao que a ciência realmente comprova.

O futuro dos suplementos está cada vez mais tecnológico, mas a base permanece a mesma: a nutrição deve ser a prioridade, e os suplementos, um suporte complementar, nunca substitutos de uma alimentação equilibrada. A melhor abordagem é sempre individualizada, com apoio de exames e profissionais qualificados. É preciso lembrar que não existe pílula milagrosa para o estilo de vida: disciplina, constância e bons hábitos seguem sendo os pilares da saúde verdadeira. O Brasil, com sua riqueza de biodiversidade e cultura alimentar, tem tudo para ser um dos líderes em suplementação natural e funcional, valorizando ingredientes nativos como açaí, guaraná, própolis verde, camu-camu e muitos outros. O equilíbrio está em unir a tradição alimentar com a ciência moderna, respeitando o corpo e suas necessidades reais. E mais importante: que esse conhecimento não sirva apenas para vender produtos, mas para educar, prevenir doenças e empoderar as pessoas a cuidarem de si mesmas com inteligência e autonomia.



Fontes e links finais:


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